Três Curiosidades

 

 

Vou contar três casos que gostei de conhecer e que os leitores do “Mirante” tam­bém gostarão de saber.

1.º Caso Num velho li­vro li o seguinte na Sé Nova de Coimbra:

Primeiramente a Claustra chamada da Manga, pelo mesmo Rei Dom João III a traçar na manga da roupa Real de que estava vestido... feita por tal arte que se não pode descrever, nem dizer de seus primores, que não seja menos do que é na ver­dade... Destes arcos contra o ponto do meio da mesma claustra, correm quatro ruas, cercada cada uma de dous tanques, ou rios de ágoa (sic). Entre rio e rio está um jardim de limões, limas, cidras e outras frutas, e er­vas prezadas e mui cheiro­sas, e assim quatro jardins e oito rios.

Ficam todos a saber a resposta a esta pergunta que fazíamos a nós mesmos: Porque se chama a isto o jardim da manga?

2.° Caso Há anos nas­ceu em Alcouce, freguesia de Vila Seca, um homem (em 12-2-1913) a quem no Baptismo (em 23-3-1913) pu­seram o nome de Joaquim, filho de Adelino Mateus e de Maria Rosa. Este Joa­quim ainda vive nas Lages, em Coimbra. Tem uma alcunha curiosa Joaquim do Milagre.

Uns meses antes de nascer, a senhora Maria Rosa teve de sofrer uma operação a que usam a chamar “de barriga aberta”. Tiraram o feto sem cortar o cordão umbilical, cortaram o que foi preciso e, no fim, colo­caram de novo o feto no seu lugar. No tempo devido, o Joaquim veio cá para fora e chamam-lhe “Milagre” por ter nascido duas vezes.

Falam hoje muito em transplantações de rins, ope­rações ao coração... Há 68 anos já os nossos médicos faziam destes milagres.

3.° Caso Évora chama­-se e é verdade “a Cidade Museu”. Não é só a Capela dos Ossos ou o Templo de Diana.        

Na Sé encontrei uma ima­gem da Senhora do Ó, talvez do século XIII, Este nome de Nossa Senhora é o mesmo que N.a Senhora da Expectação ou da Espe­rança. Puseram-lhe este nome por causa das Antífo­nas do Magnificat, desde 17 de Dezembro até à vés­pera do Natal, começaram todas por “Oh”.

Ora, desde tempos imemoriais, na cidade de Évora, se uma mulher estiver para dar à luz, têm o cuidado de ir acender uma vela à Se­nhora do Ó e o sacristão vai dar umas tantas badaladas no sino grande para todos rezarem pela boa sorte daquela mãe.

“Mirante”, Ano 4, nº 43, out.  1981, p.1, 2