As invasões francesas no Concelho de Miranda
Publicamos uma acta de 1816 que se refere aos prédios incendiados pelos franceses na retirada de Março de 1811 durante a 3.º invasão e a carta de uma viúva, Maria Mansa (filha natural de algum dos Paiva Manso de que falámos anteriormente?) de 1808, relativa portanto à l.ª invasão, e que foram recolhidos pelo Coronel Belisário Pimenta no Arquivo Municipal de Miranda do Corvo. « Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e dezasseis anos, aos vinte e quatro dias do mês de Dezembro do dito ano nesta vila de Miranda do Corvo em acto de vereação onde (estavam?) presentes o juiz ordinário José da Costa de Vasconcelos e Silva e os vereadores Manuel Lopes e António Lopes e o procurador Joaquim José Coelho Coutinho e os mestres dos ofícios de pedreiros e carpinteiros Francisco Antunes Marreco e José Francisco e José Coelho e Manuel Batista para efeito da vistoria em os prédios íncendiados pelos franceses se deu princípio à mesma vistoria pela maneira seguinte Principiando pela entrada da vila pelo lado da estrada real que vem de Condeixa acharam que na rua dos Linhares fora incendiada pelos franceses uma casa pertencente a Pedro Fernandes que era de sobrado, tinha três portas e duas janelas cujo estrago causado pelo incêndio avaliam em cinquenta1 mil reis. Outras casas de Pedro José Moreira de sobrado que tinham duas portas e três janelas avaliam em cem mil reis. Outras ditas de Miguel Carlos da Traveira que tinham quatro portas, quatro janelas avaliaram em quatrocentos mil reis». Carta de unta viúva, ao governador de Coimbra «Ilmo. e Exmo. Sr.: Diz Maria Mansa, viúva, do lugar de Chão de Lamas que ela tem estalagem naquele lugar onde por muitas vezes foram comer e beber, vários piquetes de cavalaria mandados às expedições por ordem de V. Exa. E fizeram despesa consigo e com os cavalos que consta dos vales inclusos passados por seus comandantes e como eles não satisfizeram e lhe deixaram aqueles vales só para a suplicante requerer o pagamento do que constar deles, pretende por isso que V. Exa. lhe mande satisfazer visto que é grande a soma que se lhe está devendo e a suplicante é uma pobre viúva que vive de sua estalagem e não pode com tamanho prejuízo cuja satisfação certamente não exigiria se estivesse em melhores circunstâncias. Pede a V. Exª. se digne deferir a súplica exposta com a costumada justiça». E. R. M. Esta carta teve a seguinte resposta: «(Despacho) — Apresente-se ao juiz ordinário do distrito o qual procedendo a uma justa derrama sobre o povo do mesmo distrito, com ela se satisfaça à suplicante a despesa que consta dos vales juntos. Coimbra 7 de Setembro de 1808, O Governador de Coimbra, vice-reitor». Imposto pelos franceses a Napoleão: no concelho de Miranda do Corvo Francisco Lopes Padilha, oficial de sapateiro fintado... em seiscentos reis, 600 Caetano José da Silva, vendedor de vinho e loja aberta de mercadoria, fintado em mil e quatrocentos e quarenta reis, 1440 Maria da Lousã, vendedeira de vinho, fintada... em seiscentos reis, 600 Bernardo Francisco, oficial de ferreiro, fintado... em trezentos reis, 300 José Pinto oficial de carpinteiro, com loja aberta, fintado... em seiscentos reis, 600 António da Silva, barbeiro, fintado... em seiscentos reis, 600 Francisco Busano, oficial de alfaiate, fintado... em seiscentos reis, 600 Luís Alves, com loja de vinho, fintado... em mil e duzentos reis, 1200». “Mirante”, Ano 4º, nº 42, setembro 1981, f. 1 e 2 |